quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Capítulo 1: Está "costoso"?

Menino, Tio Celso, Celsinho, Alemão. Para os seis sobrinhos sempre foi difícil chamar ele de tio, não me pergunte o porquê. Chamávamos ele só de Celso e hj, de Celsinho. Nossos pais chamam ele de Menino ou Alemão e minha vó, hoje em dia, às vezes se confunde e chama ele de Sérgio. O normal era o Cellllso, puxando um bom "l".

Ele se acha normal e até chega a ser preconceituoso. Hoje não estuda mais, mas até uns bons anos atrás, não queria fazer amizades na escola. Sempre gostou mais da professora, principalmente se ela fosse loira e "sapática", como ele diz.

Quando ele era mais novo, estudava numa escola especial em Taubaté . Não me lembro de muita coisa de lá, a não ser a festa junina e, como boa gordinha, lembro da comida - a rã frita era maravilhosa. Mas lembro também de ver o Celso fazendo as malas para passar mais uns dias por lá. Era uma espécie de colégio interno onde ele estudava, fazia esportes e trabalhava. Essa última atividade justifica ele ter tanto medo de voltar para lá. Como falamos na família, ele é "braço curto", não se dá muito bem com o trabalho. Costumamos dizer que, se ele fosse "normal", seria um belo come e dorme. rs
Foi lá também que ele ganhou diversas medalhas correndo e fazendo outros esportes. Coisas inimagináveis hoje em dia também.

Como meu pai (o cunhado) também trabalhava na cidade na época, ele levava o Celso para a escola. Minha vó, como boa vó e mãe de gordinhos, sempre preparava uma "malmita" para o caminho. Neste dia, foram dois pães com bife à milanesa, um para meu pai e outro para o Celso.
O Celso, sempre com fome, comeu o dele logo na primeira parte da viagem. Meu pai guardou para um momento mais oportuno.

Quando o momento oportuno chegou, ele desembrulhou o sanduíche do plástico verde, depois do papel toalha, e começou a comer. O Celso, que costumava dormir a viagem toda, acordou, claro.

Pai comendo...
Celso: Está costoso?
Pai: Está.
Celso: Está costoso?
Pai: Está.

O fim da história, depois de umas 10 repetições:

Celso: Está costoso?
Pai: Toma essa sanduíche, Alemão!

Desde esse dia, sempre que alguém da família está comendo, sempre surge outro membro questionando: "Está costoso?" Mas como nem todos nós somos insistentes e fofos como o Celso, nem sempre ganhamos o petisco.

Um comentário:

roseli/léo disse...

Oi Ana Flavia, que lindo isso que vc fez do seu TIO aqui, sempre que leio algo a respeito dessas pessoas adoráveis e incriveis me emociono, aff ... e vc descreve tão simples e cheio de detalhes que parece que "já vivi" isso com vcs ... *tenho um SD, o LÉO, tem 13 anos e bem parecido com o seu tio...gosta das professoaras loiras tbem, não quer muito casar com uma Down não!
é meio braço curto tambem em casa, pois nos supermenrcados ele se distrai bem ajudando os repositores, ... e EU que me vire sozinha nas compras, quando já comeu algo antes de mim, repete varias vezes tbem ....tá COSTOSO MÃE, e não cança até eu não responder E deixar um pouco pra ele
...AH essas criaturas são tão EFICIENTES em nos dar AMOR, em nos
dar CARINHO, tem um CHEIRO BOM, nos sua PROTEÇÃO em nos DEFENDER, ... olha queria saber escrever algo assim do Léo tbem, para TODAS as pessoas
saberem como é "MARA" rsrs, ter eles ao lado e que aprendizado ganhamos com sua sinceridade no AMAR e no SER
parabéns e continue narrando coisas do TIO, ok!!

beijos