quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Capítulo 2: "Agora já foi"

Na família, o que mais se ouve é "agora já foi". A frase, quase filosófica, explica muita coisa. É uma tradução singela do ditado - que minha avó paterna sempre dizia - "O que não tem remédio, remediado está".

Não sei quando o Celso a inventou, mas desde lá, a vida ficou mais fácil. Afinal, pra quê sofrer se "agora já foi"?

Uma das passagens que me lembro, não sei se foi a original, foi quando ele estava pegando um refrigerante na geladeira e a "mãezinha mamã" - que é como ele chama minha vó quando está de bom humor - pediu um copo também. Logo veio a resposta: "Ah... agora já foi!". Lógico, ele já tinha fechado a geladeira!


Quantas vezes queremos falar "agora já foi"? No trabalho, em casa, para o namorado... Mas por sermos "normais", não pega bem! Então calamos e abrimos de novo a geladeira. E depois a gente tem dúvidas do porquê do Celsinho não chorar... Como diria minha mãe, "problema" temos nós!


4 comentários:

Anônimo disse...

Faz tempo que quero falar do Alemão e para surpresa minha, Ana Flávia, minha filha, deu início a uma história fantástica de uma pessoa não especial, mas especialíssima que é o meu cunhado, meu amado cunhado, com quem aprendi dar valor às coisas simples e sorrir para tudo e para todos.

São inúmeros aprendizados em duas ou três palavras que sintetizam nossas ações nesta vida, neste planeta. "Agora já foi", "Está costoso" foram testemunhadas por mim.

Mais uma, sempre para quando o céu está prestes a desabar, com raios e relâmpagos: "Mãezinha (agora com quase 90 anos), acho que vai chover".

Todos os dias falamos do Celso, do nosso Alemão, mesmo o vendo uma vez por semana ou por mês. Sempre lembramos de suas incríveis "tiradas" para acabar com qualquer conversa que o está perturbando.

Ontem, mais ma vez falando dele, lembramos que não é travesseiro que se deve dizer e sim "cabeceiro", afinal é onde colocamos a cabeça. Pisar não, é "pesar", porque vem de pé. É "passavor" e não "faça o favor", porque com um gesto de mão se faz a pessoa ir para frente, passar.

É "camasola", porque se usa quando vai dormir, ou na cama .... então porque camisola?

Realmente isso vai dar um livro, porque são histórias de uma vida inteira e que vida gostosa que se passa ao lado dele. Todos precisariam conhecê-lo e com certeza absoluta, o mundo seria muito melhor, como é o nosso.

Anônimo disse...

nossa bebe que legalllllll, como vc escreve bem, até parece que vc faz isso o dia inteiro rs
Parabens pela iniciativa e histórias
bjaum

Anônimo disse...

Aninha, que coisa linda vc tá fazendo. Não só pela homenagem, mas pela iniciativa de escrever, de registrar essas memórias que na imensa maioria das famílias acabam se perdendo. Um beijo em todos vocês. Virginio.

Anônimo disse...

Eu adorei as histórias e tenho uma sim para contar.
Quando o Celso tinha apenas 3 anos ele não saia de seu jardim na Mooca.
Fugia de todos. Bastava alguém se aproximar ele já entrava em casa a procura dos seus. ( mãe, irmãs, Ivo e CIO).
Acontece, que eu morava a 3 casas da dele. E ele de vez em quando fugia, entrava em minha casa e ia direto numa dispensa, abria o armário e pegava nosso pão. Saia tão feliz lá de casa com aquele pedaço de pão.
A minha mãe, como era muito amorosa, ia toda à tarde no Di Cunto comprar pão. Já comprava a mais pensando no Celso.
Ao virar a esquina, ela já o avistava e dizia:
- Venha Celso, lembrei de você...
Ele novamente entrava em minha casa, abria o armário e pegava sua parcela de pão. Ele não aceitava tirado do saquinho. Era necessário o rito do armário...Isto virou uma rotina.
Acontece, que em 1969 sai daquela casa. Todos entenderam nossa ausência... menos o Celso... entrou na casa... não achou o armário e ainda ouviu gritos da nova vizinha...
Ele não voltou mais... acabou entendendo que já não se faziam mais donas Lauras na Móoca. Nunca esqueci disso... acho que nem a Dora...
Mas saibam que ainda tenho saudades daqueles bons tempos que não voltam mais e de todas aquelas almas boas chamadas: laura, Sofia, Anésia, Nely, Ruth, Dona Caté, Dona Lídia........................ Martha.